Um dia frio...

em sábado, maio 23, 2009
Ela se sentou no ônibus. Ouvia uma música qualquer com o MP3 quase esgotando a bateria. Tirou Dom Casmurro (sim, do Machado) da mochila e começou a ler. Vestibular... que tanto me persegue?
O ônibus dava curvas e mais curvas. O caminho não era longo, mas tinha alguma coisa estranha. Pouca gente, último ônibus. Quase meia noite.
Bentinho cada vez mais perto de perceber o quanto ama Capitu. E o ônibus não parava, gente entrava, gente descia.
De repente, ela começa a olhar em volta e perceber pessoas conhecida. Amigos sentados em voltas, gente distante. Tinha um pessoal, aquele que não via havia anos, sentados antes de ultrapassar a catraca. Engraçado, eles sorriam e acenavam também, alguns outros, os mais próximos, abraçavam-a, outros acariciavam, mas sempre sorriam.
E a paranóia de Bentinho com a traição de Capitu começou.
Tanta gente começou a descer do ônibus. Novas pessoas entravam, algumas não demoravam nem um ponto, desciam no mesmo, outras no próximo. Rostos intimamente conhecidos continuavam em volta dela. Houve aqueles que a acompanharam um bom tempo da viagem. Mas quando havia lombadas, ou curvas muito fechadas, simplesmente sumiam, sem nem saltar do ônibus.
As árvores passavam em volta dela, flores, invernos e outonos. Nascia Sol, nascia Lua.
E Bentinho?! Bom, Bentinho já havia enlouquecido,e tentado enlouquecer Capitu também.
O ônibus? Era o da vida. O motorista? O destino. As pessoas? Aquelas que entram e saem da vida sem nem ao menos o passageiro perceber, mas tem sempre aqueles que nos acompanham a viagem inteira. O caminho? "Deixa explícito, que, se vou para frente, coisas ficam pra trás... A gente só nunca sabe que coisas são essas..."

Letícia Christmann

"Não importa o quão escura seja a noite. Até hoje, nenhuma escuridão conseguiu segurar o amanhecer."
"Amigos são como estrelas. Pois são elas quem nos iluminam nas noites mais escuras."

3 comentários:

A disse...

ohtimo texto.
legal o entrelaçamento das histórias...

Tanta gente começou a descer do ônibus. Novas pessoas entravam, algumas não demoravam nem um ponto, desciam no mesmo, outras no próximo. Rostos intimamente conhecidos continuavam em volta dela. Houve aqueles que a acompanharam um bom tempo da viagem. Mas quando havia lombadas, ou curvas muito fechadas, simplesmente sumiam, sem nem saltar do ônibus.

isso diz muita coisa sobre os relacionamentos com as pessoas em nossa vida.perfeito.

:*

A disse...

lembrei da musica: um dia frio, um bom lugar pra ler um livro, e o pensamento lah em vc, eu sem vc nao vivo ... ♪ Djavam

Érica Ferro disse...

"O ônibus? Era o da vida. O motorista? O destino. As pessoas? Aquelas que entram e saem da vida sem nem ao menos o passageiro perceber, mas tem sempre aqueles que nos acompanham a viagem inteira."

Amei, Lê.
Muito bom esse texto, hein?!

:**

Amo-te!

 
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