Abaixo essa falsa sobreposição!

em sexta-feira, setembro 11, 2009
Pré-julgar, discriminar, humilhar, rir e traumatizar. Isso é o que faz um preconceituoso.

Nós, seres humanos, somos diferentes um dos outros, tanto em questões físicas como em questões de gosto e opinião. Temos nossas limitações e peculiaridades.
Com base nisso, deveríamos ter a consciência de nossa diversidade e abolir qualquer tipo de sobreposição.
Entretanto não é o que vemos, o que fazemos.
Muitos de nós excluem de seu grupo social os que julgam indesejáveis e indignos de sua companhia e vivência. Preconceito racial, preconceito religioso, preconceito com os ditos "anormais", "estranhos"... não importa qual tipo, é tudo tolice, é falta de reflexão e senso de diversidade.

- "Mulher com mulher... Ih, dá jacaré!"
- "Homem com homem... Ih, dá lobisomem!".
Piadinhas, coisa de gente que não tem muito o que fazer. Ou tem, e prefere não fazer.
Opção sexual ou se nasce assim, predestinado a gostar de algo? Heterossexual, homossexual, bissexual...
Várias opções. Cada um escolhe a que satisfazer, oras.
Na bíblia, é pecado esse ato homossexual. "Toda linha do poema é a verdade suprema, só porque está no papel."
Bem, é algo complicado e complexo isso de regras baseadas na bíblia. Há quem discorde delas, há quem brigue e quem as defenda com unhas e dentes. Mas estou fugindo do tema...
A questão é o preconceito, a intolerância com as preferências sexuais de determinado indivíduo. Então, se é a preferência, é algo bem pessoal, certo? Não há porque julgar e discriminar. Cada um sabe dos seus desejos e escolhe o que os satisfazer. Ao fazer uma escolha, estamos destinados à desafios, cabe a nós sabermos lidar com eles. O que importa é nós sentirmos bem com o que nós escolhemos.

Criaram cotas para negros e deficientes para "facilitar" a entrada destes na universidade.
Por quê? Por acaso a capacidade de raciocínio de um negro ou de um deficiente físico é menor do que a de um branco, aquele dito normal?
É claro que não. Tudo é uma questão de disposição e entrega ao que se faz; é uma questão de dedicação que dará a vitória no vestibular, e não o fato de ser branco/negro/deficiente.
Na verdade, é uma maneira de "tapar" o buraco de anos. O buraco cavado pelas enxadas do preconceito e da discriminação. Mas não é assim que se corrige erros de anos. E como é?
Ora, largando essas enxadas, destruindo-as, exterminando todo e qualquer conceito antecipado em relação a qualquer pessoa e situação.
E aqueles casos absurdos e intoleráveis de negros sendo presos ou mal vistos em lojas de "luxo"?
Ser negro é sinônimo de ser ladrão e pobre, por acaso?
Parvoíce de pessoas com alma e visão pequena, julgando pessoas, humilhando-as, criando traumas na mente dos "discriminados".

- "Deus do céu! Olha, fulano. Um centro de macumba ali, cruz credo!"
- "Eita! Mas esses evangélicos são uns doidos mesmo, hein? Ficam pulando e gritando como desvairados. Por isso que eu prefiro a minha igrejinha católica!"
- "Isso é um absurdo, adorar um santo feito de barro, que não escuta e não pode interceder por ninguém. É por isso que sou evangélico."
Intolerância religiosa. A sobreposição de um grupo ao outro. Cada um com sua verdade suprema e indissolúvel, e lutando para que ela seja a verdade de todos. É inútil... Cada um continuará com suas convicções e fé, a não ser que queira mudar por livre e espontânea vontade. À base de pressão, não funciona.
O que deve nos interessar é o que está sendo alimentado em nossas almas e corações. A nossa satisfação espiritual.

E aqueles olhares tortos para os deficientes, como quem sente nojo e desprezo? E aquele olhar de pena, de compaixão que são dirigidos a eles?
Eu faço parte deles, eu sei o que é. Sou deficiente e sei bem como é esmagadores e traumatizantes esses olhares.
Me sinto pequena e inútil mediante à esses olhares.
Porém, um lapso de sanidade e revelação me vêm, eu não sou pequena, não sou inútil, não sou digna de pena - não pena por minha condição física-, não sou desprezível. Eu sou uma pessoa, como qualquer outra, única e indispensável, insubstituível. Sou um alguém que sonha, que tem um coração, um coração que pulsa e que sente intensamente o preconceito machucar e arder dentro do peito e da alma. Mas eu sou forte, resisto aos olhares, às situações indesejáveis e traumatizantes.
Não é fácil. Há traumas que me atormentam com uma certa frequência. Quando amanhece e o sol aparece, busco eliminar todos os fantasmas e traumas da minha mente, saio às ruas e sinto esse mesmo sol queimando na pele e me dizendo: -"Você está viva, isso que importa, menina! Deixe que olhem, que apontem, deixe que critiquem, que zombem! Eles são os bobos, os pequenos e deficientes interiormente. Se a sua limitação é física, a deles é mental. E é uma limitação que se escolhe, que não é de nascimento. Ou seja, é burrice. Viva a sua vida com alegria, com força e persistência. Faça o que tiver que fazer, realize seus sonhos, busque alcançar suas metas. Você consegue vencer! Mire-se no fim da estrada e desvie dos obstáculos que só querem te fazer cair, te destruir."
Sim, o sol me diz tudo isso.

Tenho tanto entalado na garganta em relação a esse assunto, não terminaria hoje... Não terminaria nunca. De verdade.
Por isso, só quero ressaltar a repulsão que tenho por ideias antecipadas e por discriminações tolas e infundadas.

"Abaixo o preconceito e a discriminação! Abaixo essa falsa sobreposição!"

(Erica Ferro)

2 comentários:

Ana Filipa Silva disse...

"Todos diferentes, todos iguais"
E era assim que devia ser.

A mim custa-me ver pessoas (sejam conhecidas ou não) a serem rebaixadas por serem diferentes, pois todos nós o somos! Diferentes, mas no fundo iguais.

E sim, é verdade que a estupidez ou a burrice é muito pior que qualquer diferença física, pois essa não se escolhe.

Beijinho :*

Arelly disse...

o pior é q é difícil se livrar desses infelizes pré-conceitos, mesmo que se queira, requer muita disciplina, mas eu tô tentando...
ele é como aquela música horrível q vive tocando, e vc mesmo sem gostar, fica repetindo o refrão, de tanto ouvir... :P

 
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