Ano novo

em sexta-feira, dezembro 31, 2010
"Os anos passam tão depressa,
Uma coisa eu entendi,
Estou apenas aprendendo,
A distinguir as árvores da lenha..."
(I Know - John Lennon)
Obrigada pela companhia o ano todo!!
Beijos!
Letícia Christmann

Avante, como caramujos!

em quinta-feira, dezembro 30, 2010
"No caminho, como se olhasse para o chão, pude ver na superfície polida do lajedo um minúsculo caramujo que também seguia em direção à cabana, arrastando com paciência a sua concha.
(...)
Arrastava-se com dificuldade, em linha reta, e parecia disposto a cruzar a entrada, como portador fiel de uma mensagem.
(...)
Vi que ele não se detinha ante nenhum obstáculo, mas começava a subir a saliência de pedra na soleira, disposto a ir ao fim, cumprir a sua missão.
(...)
Deixava atrás de si um risco úmido e luminoso, marco de vitória da distância vencida, viscosidade que parecia ser sua própria essência largada pelo caminho no esforço extenuante de chegar.
(...)
Há um itinerário certo para bichos como esse, que os faz andar sempre em linha reta, sem ver obstáculos à sua frente. Há um ponto remoto a atingir além da pedra, além da parede e da distância e do tempo. Séculos a fio aquele caramujo se arrastaria sem descanso para chegar ao fundo da cabana, subir a parede, insinuar-se nos interstícios do telhado e descer do outro lado, percorrendo a terra sem que nada o detivesse, ou desviasse de sua rota obstinada, que não o levaria a lugar nenhum."

(Fernando Sabino, em O Homem Feito)

* * *

Acho que essa é a minha última postagem do ano. Então, permitam-me que escreva algumas palavrinhas com desejos de Feliz ano-novo pra vocês.
Hoje comecei a ler O Homem Feito, e muito provavelmente o lerei todo ainda hoje (é um livro curto, com poucas páginas, mas com grande significado em cada um delas; um exemplo é esse trecho que postei aqui).
E a minha mensagem pra vocês, meus sinceros votos, é que você sejam como caramujos, obstinados em suas missões, fiéis aos seus sonhos e objetivos; que nunca se detenham diante de nada e de ninguém. Mas, diferentemente do caramujo do livro, desejo que vocês cheguem a algum lugar, ao lugar a qual vocês queiram chegar, sonham em chegar, ambicionam em chegar. Ainda que vocês não saibam ainda que lugar é esse, vão, caminhem; logo vocês hão de descobrir.
Sintam-se abraçados por mim, obrigada por lerem a mim e as meninas durante todo esse ano. Nos veremos em breve.

Hasta la vista, pueblo devaneado!

(Erica Ferro)

Quero dizer,

em sábado, dezembro 25, 2010
Você chegou, assim... Do nada e do inesperado. Cuidou de um coração machucado. Fez carinho num corpo carente. Conquistou um coração arisco.
As expressões, as palavras e qualquer ato nunca serão suficientes pra eu dizer o quanto você fez e faz por mim, menino bonito.
Foi tudo tão devagar, e ao mesmo tempo tão rápido que a confusão de sentimentos, tanto meu quanto seus, ficaram claras depois do primeiro beijo.
Meu amigo, meu companheiro, meu colega de classe, meu discutidor oficial, meu irmão na cerveja, meu infinito, meu amor. Adoro essa necessidade que tenho de você.
Gosto do coração batendo forte, do pensar, imaginar, planejar. Gosto de sentir você perto, gosto da saudade quando está longe.
Adoro o nosso elo. Te entender com o olhar, com o sorriso. Mesmo cansados, exaustos e sem conseguir mais raciocinar direito, não tem abraço melhor que o seu.
Gosto de reclamar da vida com você. Das viagens longas, ou de qualquer tipo de coisa que eu acha que valha (ou não!) mencionar (como o mundo dos mamíferos). Gosto de te fazer sorrir, de te beijar, de te sentir.
Espero que você tenha entendido.
Eu disse tudo isso pra dizer que eu te gosto.
Eu disse tudo isso pra dizer que eu te adoro.
Eu disse tudo isso pra dizer que eu te amo.
Eu disse tudo isso pra dizer que sou sua.

Letícia Christmann

aqui do lado esquerdo...

em sexta-feira, dezembro 24, 2010
eu não posso expressar com a minha voz
a imensidão do amor que se apossou
do meu coração.
eu não posso expressar,
pois você já sabe,
sempre soube.
não há mais
o que revelar,
não há mais
o que dizer.
tudo já foi dito com o mais
singelo olhar,
com o mais tímido aperto
de mão,
com o mais desajeitado
abraço.
abraço esse que só
queria ter sido mais
preciso, mais apertado,
que só queria ter dito:
"eu te amo",
"cuida-me de mim".
porém você não entendeu
a linguagem do meu
corpo.
ou fingiu não entender,
por não ter o que dizer,
por não saber como agir,
por não ter forças para
revelar a verdade:
a não-reciprocidade.
a minha voz continuará
calada
,
confessando apenas com os
meus olhos e
braços.
sonhando com o dia que você dirá
qualquer
coisa que irá me
salvar
e me acalentar pelo
resto da eternidade.
eu devaneio e acabo
sonhando com você dizendo
que sempre me amou,
sempre.
e eu continuarei me
iludindo,
me enganando,
até que a realidade me
acerte com um tiro certeiro
aqui do lado esquerdo,
para que jamais eu ame outra vez.
e que eu morra, morra de uma vez.
aceito a morte,
mas o não-amor definitivamente
eu não aceito.

(Erica Ferro)


*Postado por Erica Ferro

The end

em domingo, dezembro 19, 2010
É o fim. O amor, outrora flores, modificou-se: virou espinho, dores. Não dá mais. Precisei desatar-nós, voltamos a ser dois, você de um lado, eu do outro. Melhor assim. Não me peça pra considerar, reconsiderar, re-re-considerar. Já decidi: acabou.
Desgastou. Descoloriu. Apodreceu. Esfriou. Venceu.
Não me interessa um amor mofado, sem cor e sem gosto. Gosto de amor novo, com toda a vitalidade que se pode querer de um amor. E é por isso que eu estou te deixando, meu ex-amado.
Não me odeie por isso, por favor. Leve os bons momentos do nosso amor, mas não guarde com saudade, com uma vontade de que eles se reprisem. Guarde apenas como algo bom que lhe aconteceu, que nos aconteceu, mas não os deseje de novo, de volta. Só iria te magoar. Só iria apodrecer o nosso amor já tão apodrecido e inutilizado.
Eu estou indo agora, está bem? Amanhã, envie-me as nossas fotos, os presentes que eu lhe dei ou jogue-os fora você mesmo. Envie-me só se não tiver coragem de se desfazer por si mesmo.
Não pense que eu sou fria ou insensível. Eu só não quero um amor assim na minha vida, e nem na sua. Não merecemos isso. É isso, meu ex-amado, desejo a você um amor novo, cheiroso, florido e bonito, imensamente bonito. Espero que me deseje o mesmo. Eu mereço. Você merece. Nós merecemos. E esse será a última frase que escrevo "nós".

Adeus.

(Erica Ferro)

* * *

Postado por Erica Ferro

O outro Brasil que vem aí

em quarta-feira, dezembro 08, 2010
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos telhados.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e das regiões.
As mulheres do Brasil em vez de cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil.
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrar pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores
[europeus e norte americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar)
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalhem por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí.
Gilberto Freyre
Ps.Esse poema foi escrito em 1926.
Eu não ouço mais as vozes,
eu não vejo mais as cores,
eu não sinto mais os passos.
Gostaria de saber...
Cadê o país que éramos pra ser?
A angústia do mundo as vezes me afoga.
E eu me sinto perdida no meio de tantos clamores por mais humanidade.
Cadê a humanidade da humanidade?
E o velho clichê (que serve muito bem pra situação):
Que país é esse?
Postado por Letícia Christmann

No samba

em quinta-feira, dezembro 02, 2010
É no samba que eu quero te mostrar
O compasso do meu coração ao te olhar
É no samba que você não quer dançar
Que eu sorrio o sorriso de te encontrar

Karol Coelho
Dia do SAMBA. Vamos sambar?

A minha vez

em quarta-feira, novembro 24, 2010
Estou aprendendo, cada dia mais.
Aprendendo que as pessoas são eternas da melhor maneira que elas poderiam ser, e com o espaço que permitimos.
Antes tinha a ideia que as coisas acabavam e a dor ficava, comprometendo. Um tempo a mais de vida, de vivência, de dores e de sorrisos, vejo agora que a continuidade acontece dentro da gente, um dia após o outro, a lembrança é nova, o sorriso é outro, a realidade muda.
Amores novos, amigos novos, companhias novas. Sorrisos velhos, lembranças velhas, saudades velhas.
Aprendendo, a cada dia, que as coisas mudam. E como boa historiadora entendo: é na mudança que está o objeto da História.
E é assim que eu vou seguindo, um sorriso aqui, uma saudade ali, um amor agora. Intensidade acontece, paixão acontece, afinidade acontece. Mas, só acontece quando a gente deixa acontecer.
Eu quero minha História completa, interessante. Altos, baixos, lágrimas, sorrisos, dúvidas, clímax. Quase um roteiro de filme.
Aprendo, a cada dia, que não se pode deixar de viver. Viver é essencial para sentir.
Estou em plena fase de desenvolvimento.
Tem alguém escrevendo minha História aí?
"Nihil durare potest tempore perpetuo
Nada pode durar eternamente
Cum bene sol nituit, redditur oceano
Embora ainda brilhe forte o sol, volta-se para o Oceano
Decrescit Phoebe, quae modo plena fuit
Febe (Lua) diminui logo após sua cheia.
Sic Venerum feritas saepe fiti aura leuis
Assim, a ferocidade das paixões transforma-se, com frequência, em brisa suave."
(REG IX - traduzido por Pedro Paulo Funari)
Letícia Christmann

Por que? Por que? Por que? ♫

em sexta-feira, novembro 19, 2010

Gospel - Raul Seixas

Por que que o sol nasceu de novo e não amanheceu?
Por que que tanta honestidade no espaço se perdeu?
Por que que Cristo não desceu lá do céu e o veneno só tem gosto de mel?
Por que que a água não matou a sede de quem bebeu?

Por que que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por que que os sonhos foram feitos pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que que eu tenho caneta e não consigo escrever? (escrever)

Por que que existem as canções e ninguém quer cantar?
Por que que sempre a solidão vem junto com o luar?
Por que que aquele que você quer tão bem já tem sempre ao seu lado outro alguém?
Por que que eu gasto tempo sempre, sempre a perguntar? (perguntar)

Por que que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por que que os sonhos foram feitos pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que tenho caneta e não consigo escrever? (escrever)

Por que que existem as canções e ninguém quer cantar?
Por que que sempre a solidão vem junto com o luar?
Por que que sempre aquele que (você) quer tão bem já tem sempre ao seu lado outro alguém?
Por que que eu gasto tempo sempre sempre a perguntar? (perguntar)

* * *
Postado por Erica Ferro

Adoro essa música! Tais indagações sempre
passam por minha cabeça. Canta, Raul! Canta! Indaga!
Descreve-me!

*desculpem a ausência, mas eu voltei!

Ela sorria...

em sábado, novembro 06, 2010
A garota sorria por estar na companhia dele.
Sorria quando o via, quando o beijava, quando bebiam juntos.
Sorria quando pegavam ônibus, quando observavam algo bizarro, quando expulsavam a minhoca do box do banheiro.
Sorria quando deitava no peito dele, quando assistiam filmes, quando faziam planos pro futuro.
Sorria por poder abraçá-lo, por ouvir a voz dele bem perto do ouvido, por poderem conversar sobre qualquer coisa.
Sorria porque acreditava conhecê-lo a muito tempo, e a cada dia descobria algo novo.
Sorria porque os planos surgiam e se dissipavam da maneira mais cômica possível.
Sorria porque tinham paixões parecidas, e ao mesmo tempo completamente distintas.
Sorria porque era assim que seguia, de mãos dadas ou não, aprendeu a andar...
E por fim, como ele mesmo dizia:
Sorria... Afinal, "amores são sempre amáveis".

Letícia Christmann

Mais um pouco...

em terça-feira, outubro 19, 2010
Não era possível, as coisas tinham que estar acontecendo por algum motivo. Os fatos repetidos, as dores repetidas. Algo tinha que estar errado, ou muito certo na vida dela.
Sentou-se naquele banco circular (bem podia ser um balanço!) e pôs-se a pensar como as coisas estavam acontecendo, e porquê. As decisões tinham que partir dela. Mas acreditava que alguém estava brincando de traçar o destino dela, uma brincadeira bem sem graça, por sinal.
As coisas estavam certas, tinham que estar. Não havia muitas opções além. A vida não é brincadeira. E é muito curta pra fazer todas as coisas que queria fazer.
Entendeu a dor dele, sentia a mesma dor em si, de novo e de novo. O verdadeiro problema é que sempre ela que ficava com as lembranças, com as cartas, os bichinhos de pelúcia, as fotos, o cheiro, os momentos a dois, o relance o espelho, o mesmo lugar no banco, na sala, na vida. Ela que era obrigada a lembrar todos os instantes, todos os momentos. E sentir a dor se agudar, de novo e de novo.
Era assim, seguia assim. Uma dor ali, uma cicatriz aqui, uma lágrima acolá.
Viver é isso. Esse dorme e acorda. Sentir e não sentir. Querer e não acreditar. Decidir e ter que aceitar.
O melhor de tudo: mais um cheiro, mais um sorriso, mais um olhar, mais uma briga, mais uma vontade de abraçar em seu ser. Por fim, mais uma saudade.

"A Estrada em frente vai seguindo
Deixando a porta onde começa.
Agora longe já vai indo,
Devo seguir, nada me impeça;
Em seu encalço vão meus pés,
Até a junção com a grande estrada,
De muitas sendas através.
Que vem depois? Não sei mais nada."
J. R. R. Tolkien
Letícia Christmann

Um dia de aventura.

em quarta-feira, outubro 13, 2010
A menina, que até então tinha medo, se mantém segura, esquecendo-se de tudo por apenas um carinho. O desejo é declarado ao pegar em sua mão.
Assim permanece o dia. Só na aventura do desejo insaciado, do olhar entregado, do sorriso discreto perdido na brincadeira.
É hora de ir, mas mesmo com o tempo avançado, vem a desculpa para dar uma escapada. Era a hora, só podia ser essa a hora. O tempo criado para arriscarem seus corações, colocando-os em um poço de saudade dado pelo beijo que fizera da espera de uma tarde juntos, se transformar em nada perto da distância que agora têm que enfrentar.

Karol Coelho

O quadrado dos catetos

em quinta-feira, outubro 07, 2010
Nivaldo Pereira
Crônica publicada no jornal Pioneiro, 23/07/2010

A soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Hipotenusa? Como é mesmo o nome daquela loura que cantou doidona o hino nacional? Não é bem Hipotenusa, mas algo assim. O povo riu e criticou, mas aquele hino nacional na versão da tal Hipotenusa é a cara da relação de muitos políticos com o Brasil. Hum, isso pode ser tema da redação.
Memorize, memorize... A soma do quadrado dos catetos... Cateto não é um tipo de arroz? Arroz quadrado? Só se for daqueles italianos, para risoto. Como será que fazem para o grão ficar assim, cortadinho? Deve ser algum truque transgênico. Opa, esse lance transgênico pode ser tema da redação. Os naturebas não querem nem saber disso. Ah, mas eles comem aquele arroz integral grudado... Gente estranha!
Vamos lá, teorema de Pitágoras. Grego tem cada nome esquisito e enorme! É Anaximandro, Parmênides, Eurípedes, Aristóteles, Arquimedes. O tal Platão, apesar de terminar em ão, deve ser um diminutivo. Platão! Parece o Cebolinha pedindo um prato grande: quelo um platão. Um platão de lisoto de aloz cateto...
Arre! De novo: em qualquer triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa... Pera lá! Se é triângulo, como pode ser retângulo? Isso eu sei muito bem a diferença. Um tem três lados, o outro tem quatro. Cadê a lógica? Depois querem que a gente aprenda matemática. Os caras viajam! Devem tomar as mesmas boletas da dona Hipotenusa... Esse teorema de Pitágoras devia se chamar teorema LSD. Ou teorema do Chapeleiro Maluco. Um triângulo que é retângulo? Deu nó aqui, deu nó...
Melhor pegar um pouco de biologia. A célula é a unidade funcional dos seres vivos. Núcleo, citoplasma, mitocôndria... Ah, tinham que esculhambar. Mitocôndria deve ser nome de grega. Dona Mitocôndria, mulher de seu Alcebíades... Complexo de Golgi! Sim, tadinha, traumatizada com o nome horrível, dona Mitocôndria sofria com o Complexo de Golgi! Ui, com essa, escorreguei no vacúolo, caí no zigoto!
Cadê as outras apostilas? Química. Física. Literatura. Geografia. É melhor dar um tempo. Ser inteligente agora é descobrir onde a mãe escondeu meus patins.

*Conheça o blog do Nivaldo Pereira clicando aqui.

- - -

Já disse por aqui o quanto admiro o Nivaldo, não é?
Pois aí está mais uma crônica genial dele.
Espero que gostem.
E me desculpem pela ausência aqui no Pensamentos Devaneantes.
Sem promessas, mas espero que eu volte a postar frequentemente, como antes.



Postado por Erica Ferro


O mesmo de sempre

em terça-feira, outubro 05, 2010
Não entendia como o mundo poderia dar tantas voltas. Uma hora tão feliz, outra tão perdida e, por fim, triste, muito triste.
As coisas se acertam quando não deveriam se acertar. As coisas erradas parecem mais certas nesse mundo sem amor. Ou com amor demais, que de tanto não caber em si, acaba fugindo.
Não entendia como poderia ter se ligado tanto à mais alguém. Mais um alguém que se vai assim, sem mais nem menos. Amar, acompanhar, ter alguém... São coisas da cultura ocidental, que não faz muito sentido quando começa a estudar o surgimento. Mas ainda assim, se fazem necessárias para quem sempre esteve inserida nela.
Tinha medo de muita coisa, mas lembrava que o ter medo era relativo.
Aquelas sensações esquisitas haviam parado há algum tempo. E agora voltavam.
O mesmo aperto no peito de saudade.
A mesma vontade de ver, abraçar e não sair de perto.
A mesma disponibilidade de amar, e ser correspondida.
Nada estava dando muito certo.
Mas afinal, o que deveria dar?
Via tudo errado à sua volta.
E não parecia que as coisas iam se acertar.
Tudo, por fim, continuava errado igual sempre.

"Um dia desses, num desses encontros casuais...
Talvez a gente a se encontre, talvez a gente encontre explicação..."
(Engenheiros do Hawaii)
Letícia Christmann

O novo medo.

em quarta-feira, setembro 29, 2010
Era composta assim: um pedacinho de cada um.
Gostava de todas as suas cicatrizes, todas as rugas devido aos risos e também aos choros.
Preferia sentir dor comparado a não sentir nada.
Tinha dentro de si, uma lembrança de cada. Pequena, grande, estranha, quadrada, redonda, inteira ou despedaçada. Tinha em si o mundo todo, e cabia muito mais.
Era o que era, e o que havia escolhido ser, aceitando todas as consequências devido ao seu modo de ver o mundo.
O mundo. Mudou muitas e muitas vezes seu ponto de vista em relação à ele. Viver é mudar, remudar e mudar de novo.
Era mudança, a mudança que cabia em si. Entendia que tudo mudava. Mas todos os olhares, momentos e amigos que carregava consigo, eles sim era algo que nunca mudaria. Felicidade ou angústia, fazia parte dela.
Estava começando a entender o que é envelhecer, ter experiência de vida. E o que tempo curava ou qual cicatriz ele deixava.
Tudo caminhava ao devir do ser e deixar de ser.
Não tinha mais medo da mudança, agora seu medo era da memória. E do esquecimento.


"E ninguém dirá que é tarde demais,
Que é tão diferente assim...
Do nosso amor a gente é quem sabe."
(Los Hermanos)

Ps. Você me pediu, e aqui está. Marcelo, esse é pra você.

"E pra nós dois, sair de casa já é se aventurar..."

Letícia Christmann

É segunda-feira (e cinza).

em segunda-feira, setembro 27, 2010
Não adianta, já se foram os dois dias mais esperados da sua semana.
E essa Segunda, além de ser segunda, está cinza.
E além de cinza está fria.
Eu só fiquei assim ao lembrar que era ela quem havia chegado.
Queria apenas estar deitada em chôro, aconchegada em meu vazio.
Mas omitindo meus sentimentos a encaro,
aguardando que sua próxima vinda não me faça sentir a vida vã,
mas que me seja dada a coragem de encarar os ônibus de cada dia,
o despertar do relógio, o chefe sem alegria e a luta contra o ócio.


(Karol Coelho)
Ê, meu São Paulo de pedras, de chuva, de cinza...

O Último Romance

em sexta-feira, setembro 24, 2010
Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
Antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
Afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocar
A minha TV num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir onde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar
(Los Hermanos)


Ps. Linda, de tudo. Você já se encontrou assim?

Postado por Letícia Christmann

I found out

em domingo, setembro 19, 2010


*Ando muito calada ultimamente.
John Lennon fala por mim hoje, certo?
Até outro dia.

Erica Ferro

Meus Rabiscos

em sexta-feira, setembro 17, 2010
Eu rabisco meus passos por aí.
Rabisco bem rabiscado.
Os guardo pra lembrar.

Tenho rabiscos dos meus sonhos.
E como todo bom rabisco,
só eu entendo, e olha lá!

Nos rabiscos visualizo horizontes,
Novas formas.
As vezes mudo as cores do meu lápis.
As vezes, uso caneta mesmo!
É mais difícil de apagar!

Rabisco desde cedo!
De vez em quando eu pego um lápis emprestado.
A borracha já tentei usar, mas mesmo assim,
Quase sempre ficam as marcas no papel.

Vou rabiscando aqui, rabiscando lá!
Cada um com seus rabiscos!
Estou aprendendo a desenhar.

(Karol Coelho)
Tava com saudade!

Re-Nascer

em quinta-feira, setembro 16, 2010
Ela andava, distraída. Observava as árvores centenárias em volta, trazendo a sombra tão desejada naquele dia de sol exuberante. A brisa batia leve em seus cabelos, fazendo com que eles se mexessem sem que quase ninguém notasse. Estava feliz, vestida de branco, calma, sem pressa. Queria chegar ao mar, sentar na praia e ficar ali até anoitecer, tentando contar as estrelas, vendo o sol se por, a lua brilhar e o sol nascer. Queria poder contar os grãos de areia que abrigasse na palma da mão. Queria ver tempestades, raios, trovões e o arco-íris. Desejava deitar e acordar só com o sol em seus olhos. Tomar banho de mar.
Ela andava, distraída. Pensava em como tê-lo ao seu lado em todos aqueles devaneios seria bom. Ela poderia incluir o querer sorrir, sentir e viver em todas as suas vontades com ele por perto. Os tropeços não seriam tão dolorosos, não com uma mão para ajudá-la a levantar naquele caminho sinuoso. Talvez o caminho até o mar nem parecesse tão comprido, tão distante.
Ela andava, distraída. E, na distração, concluiu que precisava de um novo amor. Aquele que a acompanharia sem reclamar. Aquele que estaria ali, sempre e pra sempre.

"Vem ver o sol nascer,
Vem ver a vida nascer,
Sob esse céu azul que brilha no infinito,
Onde tudo é mais bonito,
Onde um dia encontrarei você..."
(Valter Klug)

Letícia Christmann

Nada por mim

em domingo, setembro 12, 2010
Lembra daquela última vez que estivemos juntos? Sorrimos, brincamos, conversamos. Parecíamos amigos, sem brigas, sem preocupações, sem desavenças. Eu consigo me lembrar daquele dia com facilidade, acho até que não faz tanto tempo assim. Mas aquela felicidade quase plena parece distante. Não fingíamos, não conversávamos com meias palavras, nenhuma frase poderia tomar duplo sentido como de lá pra cá.
Naquela última vez estávamos completos, realmente juntos. Estávamos ligados, interessados. Agora vejo, parece muito tempo. Nos desconhecemos tão fácil, nos desencontramos, não nos acertamos. Começo a sentir que nos conhecemos demais. Demais para estragar. Será que viramos um só que não conseguiu se dar bem?
Nessa história toda conseguimos ser o diabo e o anjo ao mesmo tempo. E o mais importante esquecemos: nós.
E como sempre, a cama fica vazia, a vida rotineira, o coração apertado... E o que sobra é a falta.
-
"Você me tem fácil demais, mas não parece capaz de cuidar do que posssui. Você sorriu e me propôs que eu te deixasse em paz, me disse vai e eu não fui.
Você me diz o que fazer, mas não procura entender que eu faço só pra te agradar. Me diz até o que vestir, com quem andar e aonde ir, mas não me pede pra voltar...
Não faça assim, não faça nada por mim... Não vá pensando que eu sou seu."
(Paula Toller e Herbert Vianna)
-
Letícia Christmann

Qual é?

em terça-feira, setembro 07, 2010
-Qual o seu maior medo?
-Qual sua melhor qualidade?
-Qual seu momento mais feliz?
-Qual seu momento mais triste?
-Qual seu maior sonho?
-Qual seu maior arrependimento?
-Qual momento você voltaria no tempo?
-Qual seu plano imediato?
A conversa baseava-se nisso. No meio das perguntas, os olhos verdes dele fitavam-na e tomava mais um gole de cerveja. Sentados no chão, riam, se divertiam, filosofavam, se confessavam.
Levou-a até em casa. Amanhecia. As estrelas haviam sumido, o céu ficando azul claro e em menos de dez minutos, ambos assistiram a passagem da noite pro dia. Fora uma noite agradável. Um amanhecer agradável. Os passarinhos assobiavam pelo caminho inteiro.
Entrou e dormiu como um anjo. Acordou pensando em todas as perguntas, e o quanto esquece de perguntar-se as vezes. Tem um motivo pra continuar, todo dia, mesmo sem saber qual é.
Sentou-se na cama e sentiu a ressaca. A vida é mesmo uma caixinha de surpresas...

"Se você não se lembra
Então feche os olhos e sinta
Onde quer que esteja
O tempo vai voltar

E as nuvens serão velhas paisagens
E eu estarei apertando a sua mão
Eu estarei a seu lado"
(Ira! - Mesmo Distante)


Letícia Christmann

De Janeiro a Janeiro

em quarta-feira, setembro 01, 2010
(Roberta Campos - Nando Reis)
Não consigo olhar no fundo dos seus olhos
E enxergar as coisas que me deixam no ar, me deixam no ar
As várias fases, estações que me levam com o vento
E o pensamento bem devagar
-
Outra vez, eu tive que fugir
Eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar
-
Olhe bem no fundo dos meus olhos
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar
-
Mas talvez, você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de Janeiro Á janeiro
Até o mundo acabar

Ps. Essa música é linda, não?!
Postado por Letícia Christmann

Canto choroso

em domingo, agosto 29, 2010
Me ouvem?
Hoje o meu canto é triste porque o meu moço
partiu assim, tão abruptamente, sem sorriso
de despedidas, sem nada, nadinha.

O meu moço foi e levou tudo o que eu tinha:
eu só tinha ele.

Será que o moço ouve meu canto choroso?
Moço, eu te tive tão sem querer, tão suavemente,

tão secretamente, que você partiu sem saber
que era meu, e era meu pra sempre.

Não sei onde você se escondeu.
Você se escondeu?
Não sei, eu não sei de mais nada.
Só sei que meu maior desejo, meu maior sonho,
minha única obsessão no momento é encontrar
você e dizer: "moço, você é meu... Não percebeu?".
Não posso me enganar. O meu moço não me ouve.


Ah! Hoje minha canção é tristinha.
Eu não quero mesmo que vocês escutem.
Vocês chorariam.
E eu não sou tão egoísta de querer ver vocês tristes
comigo, compartilhando da minha dor.
Na verdade, eu quero essa dor, eu quero lidar
com ela.
Quero saber matá-la, mas eu espero matá-la
com um beijo dele, o do moço dos meus sonhos.
Um beijo do moço das minhas loucuras, das minhas
agonias.
O moço que é toda a minha alegria.
O moço que é meu, mas não sabe.
E eu espero que não morra sem saber.
Aliás, quem morrerá serei eu, senão conseguir
dizer-lhe isso logo.
A dor é grande.
E eu continuo cantando.
Cantando e chorando...

(Erica Ferro)

* * *

Hoje tô no clima de inventar
estórias.
Já inventei estória no Sacudindo Palavras.
Agora resolvo devanear por aqui.
Há muito que não sinto essa dor intensa
de paixão sofrida, castigada e unilateral.
No meu coração, as coisas estão calmas,
tranquilas e, hoje, sei amar sem afobação,
sem muitas ilusões.
Amo sem procurar motivos.
Amo porque amor, seja lá como for,
nos torna melhor.
Colore a vida.

Hasta la vista, muchachos!
=*

Pedaço de mim

em sábado, agosto 28, 2010
Adoro um drama
Pois sou atriz
Vivo me arriscando, dando piruetas pela vida
E só escapo por um triz

Me apetece viver na corda bamba
Inventando poesia
Tocando samba
Mergulhando em fantasia

Sou menina-moleque, que paga pra ver
Que deve e não paga
Que pensa que é o que poderia ser

(Erica Ferro)

* * *

*Quanto tempo, meu povo!
Finalmente postei algo por aqui.
As palavras têm me fugido. Ou eu tenho fugido delas?
Não sei, mas agora entendo que eu só preciso
parar e escrever.
É isso que eu farei.
Não vou me afastar tanto daqui.
Hasta la vista!
@ericona.


Meu Tributo à Vida

em sexta-feira, agosto 27, 2010

Estou vivo, por isso, penduro bandeirolas para alegrar meu dia. Estou vivo, por isso, visto a fantasia de poeta e tento compor meu hino.


Sento-me no trono do imperador e soberanamente decreto que todo dia, de agora em diante, será feriado. Estou vivo, por isso, organizo o maior de todos os banquetes; e tratarei os próximos 365 dias como se fossem os dias do meu aniversário.


O que amo na vida? O imponderável; dançar na beira de abismos; tentar cruzar despenhadeiros em corda bamba; esperar o tiro de canhão na largada da maratona e não saber como vou terminá-la.


Adoro desconhecer as notícias que o telefone trará quando se intrometer em meu sono. Como é fascinante sentir um medinho infundado antes de receber os exames do laboratório. Já sinto borboletas voando na minha barriga só de pensar quando este medinho se transformar no Grande Pavor.


Creio que lutarei com bravura quando precisar enfrentar a Dama da Foice que vai tentar me seqüestrar em seu bornal, rumo ao improvável horizonte.
Como é bom poder dizer que cada dia é suficiente em seu próprio mal, e não fugir de acordar a cada alvorada, mesmo sabendo que naquela manhã poderei renascer das cinzas, como naufragar em problemas.


O que amo na vida? Gente. Gosto de admirar a diversidade humana - tanto dos que me rodeiam como de quem nunca verei o rosto, admiro pecadores e santos.

(...)

(Ricardo Gondim)

Karol Coelho

É só o início do texto. Tem mais. Só que esse trecho é muito pra mim. rs
Assim que estou me sentindo hoje, meu aniversário.
"Tratarei os próximo 365 dias como se fossem o dia do meu aniversário."
Beeeijos.

Algum dia

em quarta-feira, agosto 25, 2010
Os olhos estão pesados. Os braços estão descordenados. Sabia, era apenas mais uma decepção. Mais uma entre as várias que já teve. Não dormia bem há alguns dias. Aquela angústia consumia. Uma vontade constante de chorar. Uma força descomunal para se controlar. Surpreendeu-se percebendo o quanto as coisas não eram como deveriam ser. Ele gostava, gostava sim. Mas não sabia como demonstrar. Era um gostar diferente. Um gostar possessivo. Não suportava isso. Pediu desculpas e foi dormir sozinha naquela noite. Os olhos, pesados. Os braços, abraçando-a agora. No fim, nada faz muita diferença. Todo fim é um recomeço, já dizia alguém. Mas já estava exausta de recomeçar.

"Se você quer que eu feche os olhos pra alguém que foi viver algum dia lá fora. E, nesse dia, meu mundo acabar, só vou ligar pra aquilo que eu não fiz.".
(Capital Inicial - Algum Dia)
Letícia Christmann

Aos Meus Heróis

em segunda-feira, agosto 23, 2010
Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída
E usar palavras pra mudar a sua vida.
Quero fazer uma canção mais delicada,
Sem criticar, sem agredir, sem dar pancada,
Mas não consigo concordar com esse sistema
E quero abrir sua cabeça pro meu tema
Que fique claro, a juventude não tem culpa.
É o eletronic fundindo a sua cuca.
Eu também gosto de dançar o pancadão,
Mas é saudável te dar outra opção.
Os meus heróis estão calados nessa hora,
Pois já fizeram e escreveram a sua história.
Devagarinho vou achando meu espaço
E não me esqueço das riquezas do passado.
Eu quero “a benção” de Vinícius de Morais,
O Belchior cantando “como nossos pais”,
E “se eu quiser falar com...” Gil sobre o Flamengo,
“O que será” que o nosso Chico tá escrevendo.
To com saudades de Jobim com seu piano,
Do Fábio Jr. Com seus “20 e poucos anos”.
Se o Renato teve seu “tempo perdido”,
O Rei Roberto “outra vez” o mais querido.
A “agonia” do Oswaldo Montenegro
Ao ver que a porta já não tem mais nem segredos.
Ter tido a “sorte” de escutar o Taiguara
E “Madalena” de Ivan Lins, beleza rara.
Ver a “morena tropicana” do Alceu,
Marisa Monte me dizendo ”beija eu"
Beija eu, Beija eu Deixa que eu seja eu
Beija eu, beija eu deixa que eu seja eu
O Zé Rodrix em sua “casa no campo”
Levou Geraldo pra cantar no “dia branco”.
No “chão de giz” do Zé Ramalho eu escrevi
Pedir ao Beto um novo “sol de primavera”,
Ver o Toquinho retocando a “aquarela”,
Cantando ao lado da rainha Elis Regina.
O Djavan mostrando a cor do “oceano”.
Vou “caminhando e cantando” com o Vandré
E a outra vida, Gonzaguinha, “o que é?”
Atenção DJ faça a sua parte,
Não copie os outros, seja mais “smart”.
Na rádio ou na pista mude a seqüência,
Mexa com as pessoas e com a consciência.
Se você não toca letra inteligente
Fica dominada, limitada a mente.
Faça refletir DJ, não se esqueça,
Mexa o popozão, mas também a cabeça.
Karol Coelho
Faz teeeempo que não posto, né?
Tenho tido muita inspiração, mas não consigo expirar nada. rs
Ouvi essa música, até então desconhecida por mim,
na voz do Chay Suele, participante do "Ídolos 2010".
Muito boa a música e o menino também é bom!
Dá uma escutada aqui.
Eu prometo postar algo meu em breve, viu?
As coisas estão corridas, mas não vou deixar a pressa me consumir.
Ósculos e amplexos a todos.

Crônica na Pedra

em terça-feira, agosto 17, 2010
O golpe foi de surpresa, impiedoso. A sirene não funcionou. A cidade se contorceu como um epilético, pendeu, quase tombou. Era um domingo, nove horas da manhã. Pela primeira vez em sua longa vida, a venerável cidade, mil vezes alvejada por catapultas, pedras, canhões, aríetes de ferro, nesse domingo de outubro por volta do meio do século foi golpeada dos céus. Os alicerces esquartejados gemeram como cegos com a dor do abalo. Milhares de janelas horrorizadas estilhaçaram num grito os seus vidros.
Depois do estrondo infernal, o mundo como que ensurdeceu. A cidade abalada fitava o céu aberto, que parecia pedir desculpas por sua neutralidade. Pelo céu passavam agora três pequenas cruzes cor de prata, que vinham de abalar de alto a baixo toda aquela massa de pedra.
Sessenta e duas pessoas morreram no bombardeio. A velha vivida Neslihan foi achada entre os escombros, coberta até a cintura de pedras, vigas e cacos de telhas. Ela não compreendia o que ocorrera. Agitava no ar os longos braços e gritava: "Quem me matou?". Tinha cento e vinte e dois anos. Era cega.
(Ismail Kadaré em Crônica na Pedra)

Ps. O livro é de um autor albanês, e vai contando a vida de uma cidade da Albânia, segundo ele, esquecida pelo mundo (exceto pelos bombardeios), no período da Segunda Guerra Mundial até a Guerra dos Bãlcãs. Não terminei de ler ainda, mas já me encantei pela narrativa. Recomendo. É o mesmo autor de Abril Despedaçado.

Postado por Letícia Christmann

Faz parte

em segunda-feira, agosto 09, 2010
Apenas sorriu quando acordou. O celular vibrava loucamente ao lado apontando 06:42.
O sonho foi bom, sentia o gosto do beijo, o cheiro do perfume.
Lembrava, ao acordar, minimamente do sorriso, do olhar, do que sentia ao abraçá-lo.
Olhou em volta e lembrou de onde estava.
Fechou os olhos e respirou fundo. Com o caminho do ar, percebeu o breu que se abriu novamente dentro dela. A saudade. Um abismo escuro, estranho, profundo.
O rosto, momentaneamente, se fechou, e sentiu uma lágrima escorrer e molhar o travesseiro.
Respirou fundo, vezes e mais vezes, até se reestabilizar.
Não queria se levantar, não queria se mexer, não queria perder a sensação que teve quando abriu os olhos. Aquele calor do amor que não sentia há muito.
Não conseguiu recuperar a sensação mágica, o frio no estômago.
Olhou no relógio do celular, 06:43.
Estranhou o embrulho de sentimentos que teve em apenas 1 minuto. 1 minuto.
Levantou-se, foi ao banheiro e lavou o rosto. Se olhou no espelho e se reconheceu. Era a mesma confusão de sentimentos de sempre. Todos os sentidos aflorados e, por fim, ela, apenas ela. O mesmo rosto de sempre no espelho.


"Devolva-me o que você levou...
Leve-me contigo:
Perca-se comigo..."
(Faz parte - Engenheiros do Hawaii)
Letícia Christmann

Da Luz

em terça-feira, agosto 03, 2010
(Inspirado em Insetos Interiores - O Teatro Mágico)
São muitos
Eles cercam por todos os lados
Voando, rastejando, zumbizando.
Chegam assim, rapidamente
Desenfreados, sem saber a direção, apressados
Simplesmente rápidos
Batem, debatem, rebatem
A lâmpada cheia
Bichinhos da luz
Que de tanto bater
Acabam no chão
Mortos.
Ei, bichinhos
Vocês deviam ter aprendido
Já que mamãe já dizia...
A pressa é inimiga da perfeição
E vocês sabiam já
Que não se chega na luz com tanta facilidade,
Nem pela força...
Com jeitinho, devagarzinho.
Letícia Christmann

Não é o prédio que tá caindo...

em domingo, agosto 01, 2010

Prédio - Apanhador Só

Não é o prédio que tá caindo,
são as nuvens que tão passando.

Não sou eu que não tô sorrindo,
é teu olho que, lacrimejando...
É a tua sorte que não tá fluindo,
é o teu norte que tá variando.
Não é o prédio que tá caindo.

Não é o prédio que tá caindo,
são as nuvens que tão passando.

Não sou eu que tô confundindo,
é confundindo que eu vou te explicando.
Te explicando é que não faz sentido,
sentido é o pára que te papapá!

Manobrando premissas sem ver
Que o prédio não tá caindo
Vem, que as nuvens não tão passando

Não sou eu que não tô curtindo,
é teu coro que, desafinando...
Teu compasso que, diminuindo...
É tua mira que tá mosqueando.

Não é o prédio que tá caindo,
São as nuvens que tão passando.
E o meu vô continua vivo.

* * *





* * *

*Bela música, bela banda e uma intenção: viciar vocês em Apanhador Só.
Vão, pesquisem sobre eles, por mais músicas. Baixem todo o cd deles. Vale muito a pena.
Qualquer outra hora apareço e devaneio por aqui. Certo?


Postado por Erica Ferro

No mundo atual...

em sexta-feira, julho 30, 2010
Foi devagar que aconteceu. Ela ia percebendo, aos poucos, a dificuldade de ser o que era, do que queria ser. O mundo exigia cada vez mais. Sorrisos são bem mais fáceis de aparecerem do que lágrimas de desgosto. A verdade, para ela, é que a felicidade era mais fácil de ser fingida do que a honestidade das lágrimas que guardava dentro de si. Do que a mágoa que se acumulava disfarçada em sorrisos e conversas sem pesos e, em sua maioria, sem seriedade. O rosto sereno era treino, aprendera a ser assim, uma vez que o abismo que se abria em seu peito não era bem visto pela sociedade. E foi assim, adestrada pelo mundo e suas exigências que ela ia aprendendo a ser o que não era e, consequentemente, ia aceitando e se acostumando com algo que não lhe pertencia.
Era um problema sua sinceridade, sua honestidade. Era um problema seu mundo de pequenas lembranças inesquecíveis. Era um problema o dia do mau humor, e o dia do humor elevado. Na realidade, era um problema ser quem era, o que sentia, o que pensava.
Percebeu que uma pessoa como ela não era bem vinda num mundo de aparências. E concluiu que não pertencia àquele lugar. Devia ser de Marte, Júpiter, nascera nas estrelas. Seus sonhos não eram segredos, suas ambições não era anormais, seus sentimentos... Estes ela sabia que todo mundo sentia, mas encontravam-se disfarçados em sorrisos e xícaras de chá. Não, não era ela a anormal. Era o mundo irreal, de fingimentos e aparências.
Honestidade, sinceridade, mau humor não são itens listados na página de pecados. São itens esquecidos pelo mundo, uma vez que não se pode ser quem é porque é, e porque quer. E sim quem não é porque precisa ser, visto que o mundo pede mais, e quem pede, no fundo, não sabe porque pede. Ela ainda se perguntava: onde tudo aquilo ia parar?
"No mundo atual, está se investindo cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos, teremos velhas de seios grandes e velhos de pau duro, mas eles não se lembrarão para que servem." (Dr. Dráuzio Varella)
Letícia Christmann

Numa sacola...

em quarta-feira, julho 28, 2010
Arrumei minha mala. Nela coloquei os livros pra devolver, as amizades fortalecidas, o laço com minha mãe mais forte, a saudade de toda a correria daqui. Nela, em cada cantinho, tinha um pouco desse um mês e meio nessa cidade maluca. Um pouco do sorriso, do olhar de cada um.
Dias, lembranças, saudades... Foi uma diversão e tanto!! Coube também a roupa limpa com cheirinho de mamãe, os problemas familiares que parecem não ter fim, o amor. Coube saudades de uma época mais distante também, mas essa num sei se está na mala ou no coração. As esquinas continuam as mesmas, e as lembranças não são apagadas assim tão fácil.
Acho engraçado, levo minha vida numa sacola... E cabe muita coisa nela!


"Não importa os sentimentos, eu continuo sentindo...
Quais são os sentimentos que você deixou pra trás?"
(U2 - A Day Without Me)

Letícia Christmann

Silêncio compreendido

em terça-feira, julho 27, 2010
A gente se compreende em silêncio
Nossas palavras são os olhares, profundos
Nosso carinho é escondido,
sentido num abraço, num simples gesto
Nos falamos com beijos pesados... leves, intensos e serenos
Nos entendemos com o sentir do pulsar dos nossos corações
Nos sentimos com nosso suor inquieto
Caminhamos juntos sem precisarmos dar as mãos

A gente se gosta baixinho
Nem precisamos dizer algo
Em nosso silêncio preenchemos nosso vazio,
compreendemos nossos desejos,
acertamos nosso caminho.

(Karol Coelho)
 
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