Vigília

em domingo, janeiro 24, 2010
(Inspirado em Não há de ser nada)


Faço vigília todas as noites. Do meu quintal consigo dar conta de todas as estrelas do céu. Espero que uma delas despenque num instante qualquer. Assim posso fazer um pedido. Meus sonhos estão na UTI. Esperança já não há. Os milagres todos estão em coma. Sigo só. Só me resta esperar.
Faço vigília todas as noites. Do meu quintal consigo dar conta de todas as estrelas. Certa vez dei por falta de uma delas. Era cadente, a estrela. Tive cinco segundos para fazer uma prece. E fiz. Enquanto fechava os olhos e imaginava meus sonhos acordando, milagres reagindo e esperança entrando pelo portão de casa. A estrela caía enquanto eu rezava. Perdeu a luz no fundo do mar. Sigo só, só me resta esperar.
Faço vigílias todos os dias. De cima do telhado consigo dar conta de todas as ondas. Torço para que uma delas saia do lugar e revele a luminosidade semicerrada na areia. Esconderijos de luz no fundo do mar. Estrela a brilhar, sonho a rir, esperança de pé: milagres se acontecendo.
(Maíra Viana em O Teatro Mágico em Palavras)

Postado por Letícia Christmann

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