Para você,

em segunda-feira, agosto 08, 2011
Foi de relance que vi aquele sorriso. Era raro, calmo, sereno, verdadeiro. Falava com tranquilidade, enquanto media esforços para prestar atenção nas palavras desenfreadas que saíam de minha boca, algumas sem sentido, outras claras demais. Gostava de olhá-lo observar as coisas, os olhos passeando de um lado para o outro, mas sempre pousando nos meus, sem desviar mais.
Os dedos entrelaçados no teatro, no cinema, nas ruas. Andávamos conversando, observando os prédios enormes, deixávamos as marcas na cidade cinza, que até parecia mais colorida do que nunca. Letreiro mostrando as horas, trailer de exposição, precariedade do transporte público, tudo e absolutamente tudo era assunto.
A noite, então, infinita. Dessa vez o sorriso apareceu mais vezes, regado a goles de cerveja e beijos entre conversas. A cama mais quente, as gargalhadas mais altas, e, por fim, o beijo de boa noite.
E o beijo de boa noite foi quase o mesmo que o beijo de despedida. Calmo, sereno, verdadeiro, raro, quente e carinhoso. Mas, ainda assim, era o de despedida... E o gosto salgado invadiu a boca de ambos, com soluços entre cortados e o coração acelerado, e apertado. Mas, em seguida, o amargo do adeus.
Adeus, meu outro amor. Espero que nos encontremos algum dia. Em algum lugar. Prontos para mais um beijo raro. E um sorriso raro.


"Seu sorriso é o que eu preciso e quanto ao resto, eu juro, tanto faz...
Seu sorriso é o que eu preciso pra abraçar o mundo e muito mais...
Seu sorriso é o que eu preciso pra apagar a dor... Da saudade!"
Móveis Coloniais de Acaju - Dois Sorrisos

Letícia Christmann

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