A bicicleta

em sábado, junho 02, 2012

Andava devagar pela avenida. Ouvia o rangido da corrente da bicicleta, precisava passar alguma graxa ali, mas era apenas uma constatação inútil. A brisa batia levemente no rosto, o Sol estava se pondo, algumas folhas caíam das árvores, tornando o espetáculo ainda mais bonito. Resolveu comprar um suco, destes que juntam laranja, maracujá e abacaxi e fica bom, e sentou em algum banco, a fim de observar o espetáculo.Sentia-se sozinha, a escuridão crescente trazia consigo o frio da noite, e então notou que a bicicleta não tinha os adesivos luminosos. Era perigoso voltar pra casa assim, depois do escurecer. O suco, no fim, parecia mais ácido, áspero, inconsumível.
A noite trazia consigo aquele frio na barriga, aquela necessidade de um abraço forte, das mãos dadas, dos olhares presos um no outro. Enfim, aquilo que o coração pede e que só um outro corpo pode oferecer.
Olhou novamente a bicicleta: precisava fazer uma revisão, urgente. Graxa, adesivos luminosos... Quem sabe trocar os pneus, dar uma arrumadinha no pedal, ou até trocar a cor... Os adesivos de borboletas já estavam meio desbotados, a cor, antes um preto brilhante, fosco. Até os freios estavam desgastados, que perigo!
Percebeu a si própria... Cada mudança na bicicleta deveria ser espelhada numa mudança de si mesma. Renovar, reinventar... 
(R)Evolução!

Letícia Christmann

2 comentários:

Karol Coelho disse...

É como arrumar o guarda-roupa.
Sempre que arrumamos, dá a sensação de estarmos ajeitando algo na gente mesmo.

Érica Ferro disse...

Ai, Lê, você escreve de uma forma tão bonita! Sério! Até quando você fala de coisas simples, pelo simples fato de nos fazer refletir sobre coisas grandiosas em meio aos acontecimentos do cotidiano.
Eu preciso urgentemente me renovar, me reinventar.

Adorei o post.
Desculpa só ler agora. =P

 
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