Insônia

em domingo, junho 30, 2013
É como se estivesse sendo sufocada.
Sentia um nó na boca do estômago, um calafrio na espinha e uma necessidade incessante de respirar fundo - como se pra comprovar que ainda estava viva.
Não conseguia encontrar uma posição pra dormir, 3, 4, 5 da manhã e nada. Os pensamentos davam loopings em uma balança do que havia acontecido até aquela noite e o que ainda estava por vir, entrecortados por uma imaginação fértil que começava a desenhar coisas onde não havia nada, alucinações? 
Sentou-se, abriu o notebook e resolver escrever, para ver se aquela sensação passava.
Lá fora, a escuridão iluminada apenas pela lua e pelas estrelas, o som pausado do murmurar dos grilos, e o sussurrar de um vento fraquinho que vibrava aqui e ali. Lá longe, o uivar de um cachorro, talvez se sentindo tão solitário quanto ela. Um carro ou uma moto passava vez ou outra.
Era, mais uma vez, o início de uma mudança que não sabia onde poderia desembocar. O não saber pra onde ir, o que fazer, onde se enfiar.
Sabia que não era a única insegura. Já no seu ciclo de amigos os sintomas eram claros e assustadores, agudos.
Sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, sufocados em um choro que ela estava terminantemente decidida que não iria acontecer. Não iria fraquejar, não no meio da madrugada e sozinha para sentir-se ainda mais só.
Respirou fundo, enxugou as lágrimas não seguradas e se auto-diagnosticou: crise de ansiedade. Crise do quarto ano. Crise dos vinte e poucos. Crise do fim de um ciclo. Crise.
Letícia Christmann

2 comentários:

uma criança. disse...

Crise, crise dos vinte a poucos, crise da mudança, do próximo passo, de sair do refúgio e ver a verdadeira cara da sociedade. Crise da solidão, daquele que nunca chega, crise do conforto, do rompimento, crise dos olhos vermelhos, ora por falta de sono, ora pela água contida.
A palavra de ordem, é crise, minha gêmea.

Karol Coelho disse...

Crise... e a gente fica pensando em como gerenciá-las iguais aos grandes empresários que estão prestes a perder dinheiro. No nosso caso, estamos prestes a perder o presente e a ganhar um futuro muito incerto. Crise. Crise. Crise. Mas, toda crise passa.

 
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